quinta-feira, 3 de junho de 2010

Palavras Vazias

18/05/2010


Palavras vazias...
Tal como me sinto por dentro.
Vazia.
Foi aquilo que ficou do meu coração.
Vazio.
Tornaste-me num vacuum existêncial...
Arrancaste-me a alma do peito e a consciência do cérebro.
O meu rosto deixou dois buracos nos óculos,
de onde deslizou uma linha preta numa agulha sob os meus lábios.
E já nada mais tinha para dizer.

Palavras vazias são palavras vazias.
São simplesmente ocas...
Furadas, buracos, profundos, grutas, abismos...

Tornam-se assim quando palavras são simplesmente criadas
e nunca chegam à próxima etapa - Evolução.
São prematuras.
Um prematuro que não se chega a tornar humano.

E enquanto as palavras permanecem vazias,
desenlaco os meus dedos dos teus
para ir ao encontro da Matéria.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Primeiro Capítulo

Sempre fui uma criança atenta, curiosa e apaixonada pela vida. A minha rebeldia e discernimento encantavam tudo e todos à minha volta e tudo me encantava a mim. Corria pela estrada fora porque queria ver, sentir, ingerir tudo o que me rodeava, na impaciência que só uma criança inocente poderia ter. Olhava para os adultos e eles fascinavam-me. A sua sabedoria, as suas palavras que eu não conseguia pronunciar, os seus gestos tão trabalhados e elegantes. Aos meus olhos tudo era belo, tudo era maravilhoso. Eu não pensava… Eu usava os meus sentidos.
À noite, quando nos juntávamos todos, falava-se de tudo. Do dia-a-dia, dos problemas que eu não entendia, e se calhar nem podia entender. Costumavam-me dizer:
- Vera, tens de ser responsável, estudar, e ser sempre boa pessoa.
Eu não sabia o que isso significava. Todas as noites antes da hora do descanso, rezávamos o terço. Ao início, era esse o meu momento preferido do dia. O momento em que rezava a Jesus e a um Deus de quem julgava ser filha, e de quem sabia que me amava. Pronunciava mal aquelas palavrinhas impostas por homens que nunca vira, longe algures num lugar chamado Vaticano, e segurava na mão um terço pequenino que me ajudava a orientar-me nas orações. Rezava e sentia-me feliz, porque sabia que era isso que chamavam de “fazer o bem”.
- Rezar pelas alminhas perdidas no inferno – dizia a minha avó velinha sempre que a encontrava vestida de preto sentada na caminha dela, de terço na mão, quando vinha a Portugal nas férias de verão. Eu sentava-me ao lado dela, e fazia-lhe companhia.
Ouvia dizer que o inferno era um lugar muito mau para onde iam as alminhas das pessoas que morriam, e que nunca tinham feito coisas boas durante a vida. Comecei-me a interrogar o que era o “mal” e o que era o “bem”. Tinha medo de morrer e ir para o inferno. Ás vezes falávamos nisso, lá em casa.
- Não se deve roubar, Não se deve matar, Não se deve desrespeitar os pais, Não se deve desejar o que é dos outros… - ou então – Deves ser obediente aos pais, Deves ajudar sempre o próximo, deves saber perdoar…
Eu sempre me regi por isso... Sempre tentara fazer o "bem", apesar das atitudes contrárias de todos os que me rodeavam. Na altura não tinha essa noção. Ou se calhar até já tinha, mas o poder das palavras tinha-se apoderado de mim. Eram palavras bonitas. Estava a caminho do paraíso, da plena felicidade.

(Continua)

segunda-feira, 22 de março de 2010

Coisas...

Querem coisas? Eu escrevo coisas.
Absurdos, como costumo intitular as minhas confusões, conscientes ou inconscientes. Talvez um dia consiga transformar em tinta as palavras entaladas nas profundezas da minha alma (se ela existe).
Hoje apenas limito-me a escrever coisas.
Pedem-me coisas, eu dou-vos coisas.
Mandam - Obedeco.
Mas no final, o que é a obediência?
Um comportamento de submissão perante uma entidade que julgamos líder, superior, divindade suprema?
Talvez... Ou talvez não.
Vocês não são divinos, de facto. Nem eu o sou mais ou menos.
Somos e limitamo-nos a ser.
Ouvimos e limitamo-nos a obedecer em conformismo.
Querem coisas? Eu dou-vos coisas hoje.
E talvez amanhã.
Sempre que a inspiração bate à porta.

;-)

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Introdução (Ou não)

Bem...
Cá estou eu a começar um blog...
Supostamente não acho piada nenhuma a estar à frente de um computador, criar uma página virtual, e teclar como se não houvesse amanha, na tentativa de escrever algo de útil, ou não. Escrevendo... Apenas...
Sinto saudades daquele cheiro a papel...
Aquele que me faz lembrar livros poerentos, há muito armazenados em bibliotecas mal frequentadas.
E estou aqui... Escrevendo... Ou a tentar escrever.
Criei um blog, não sei bem porquê. Mas sejamos realistas... O blog está criado.
E vou publicando isto e aquilo... E no fundo torna-se completamente efémere, porque ninguém vai ler sequer o que ando para aqui a escrever. No entanto continuo a escrever, só porque sim.
E é assim que deve ser.
Por mim.



Anthigone